Review #3: TENET

Não é dos melhores de Nolan, mas vale o ingresso.


Título original: TENET 
Direção: Christopher Nolan 
Roteiro: Christopher Nolan
Desenvolvedora: Warner Bros
Publicadora: Warner Bros
País de origem: Estados Unidos 
Data de Lançamento: 3 de set de 2020 (EUA); 20 de out de 2020 (Brasil) 


Após vários adiamentos por conta da Covid-19, TENET foi finalmente lançado no Brasil, e eu fui assistir no cinema. Na primeira review de filmes aqui no blog, vou começar com a crítica sem spoilers. Não vou falar de muito além do que está nos trailers. Ao final, reservarei um espaço para comentar as partes com spoilers.

TENET é o novo filme de Christopher Nolan, que ficou famoso com o ótimo Amnésia, de 2000, e por ter dirigido uma trilogia do Batman, que contém o que possivelmente é o melhor filme de super-heróis de todos os tempos.

Trata-se de um filme de ação e ficção científica "soft"—que é quando a parte científica não é muito aprofundada; é mais um mecanismo para contar a estória—em que um agente da CIA, trabalhando para um superior desconhecido (apelidado de Tenet) tenta evitar que uma tecnologia que inverte a entropia dos objetos seja enviada do futuro, causando a terceira guerra mundial. Tal tecnologia "inverte" objetos e pessoas, fazendo com que façam suas ações ao contrário. Por exemplo, um tiro já disparado pode voltar para a arma, matando quem estiver no caminho.

O longa traz John David Washington (Infiltrado na Klan) no papel principal, como um agente sem nome. No início, ele está tão confuso quanto a audiência, e nós vamos aprendendo com ele. Robert Pattinson (Crepúsculo, O Farol, The Batman) é seu parceiro e informante, pois, coincidentemente, tem mestrado em física. O longa também traz Elizabeth Debicki (As viúvas) e Michael Caine (Trilogia Batman).

Não sei dizer se a física da coisa é lá muito plausível, pois tenho total ojeriza a ciências exatas, mas, como dito, a ficção científica aqui é soft, então isso não importa. A exposição de como isso funciona, porém, é uma aula magna. Não se trata de ser cientificamente possível na vida real, mas sim de causar suspensão de descrença no espectador, tornar tudo crível para a audiência. E nisso Nolan acertou. Assim como ele fez em A Origem (Inception, 2010), a exposição é feita com um personagem que sabe das coisas explicando para outro que não sabe; mas isso é feito de uma maneira dinâmica, não só com diálogo. Nolan transforma info dumping em entretenimento.

Outra forma de infodump que funciona é a discussão prévia dos planos. Elas são interessantes porque se trata de um filme de manipulação do tempo, então faz sentido vermos se o que os personagens estão planejando vai dar certo. 

Cena de abertura chama a atenção por sua semelhança com o início de Cavaleiro das Trevas. Nela, um grupo de terroristas invade um concerto em Kiev, enquanto o protagonista está infiltrado na tropa de operações especiais que invade o local. É aí que vemos a tecnologia em ação pela primeira vez: o protagonista é salvo por um desconhecido quando este "puxa" uma bala invertida para matar um terrorista. É uma cena de ação que lembra muito o roubo a banco que o Coringa fez (porém não tão boa!).

 A montagem, porém,  não é tão boa quanto em seus outros filmes. Acho que Nolan perdeu oportunidade, pois é um filme propício para isso. A montagem não é ruim, mas também não é tão impressionante quanto um filme com esse tema me fez esperar que seria. Outra coisa: dá para ver que a questão da inversão foi reaproveitada de Amnésia.

Tenho uma crítica e um elogio para a tradução. A crítica diz respeito à palavra tenet. Ela significa princípio (no sentido de valor, guia), mas não é uma palavra muito comum. Dessa forma, pouca gente o que significa. E as legendas sempre aparecem como "tenet" mesmo, o que faz com que audiências internacionais não compreendam muito bem. Por exemplo, "isso vai contra os seus "tenets". Eu assisti o filme com alguns amigos. Ao final, contei isso para eles e eles disseram que não haviam entendido nada nessa parte. O elogio que eu tenho é que não foi colocado nenhum subtítulo. O nome é Tenet e pronto. Parece que os tradutores brasileiros acham que isso não é possível. Mas é.

Tenet é um palíndromo, uma palavra que é igual ao contrário. E isso tem tudo a ver com a temática do filme: dualidade. O pôster também evidencia isso.

As atuações não são dignas de Oscar, mas são convincentes e operantes. Destaque para o Robert Pattinson. Um amigo meu disse que foi "a primeira vez que o viu com cara de macho".

As duas horas e meia passam rápido. É longo, mas não é arrastado e em momento algum eu fiquei entediando. Não há nada que precisasse ter sido cortado aqui.

Tenet não é o melhor filme do Nolan e nem vai salvar o cinema, mas é uma boa diversão que vale a pena ser vista na telona.

NOTA 8


================SPOILERS================


Não precisa ter mais de dois neurônios para saber que o protagonista ia se encontrar com ele mesmo. O próprio tema do filme já evidenciava isso. Também são colocadas várias pistas para sabermos que o Pattinson está escondendo alguma coisa. Eu achei que ele fosse se revelar o vilão.

Apesar de ter percebido antes, eu demorei para sacar quem era a mulher que pula do barco. E, vale a menção para a cena em que o vilão bate na mulher: dá bastante agonia. Para mim, cenas de violência doméstica são piores do que qualquer slasher.

Eu também não me liguei que ele era o contratante dele mesmo.

Os plot twists são bons e fazem sentido, mas não são surpreendentes—não ouvi nenhum suspiro e não vi nenhum boquiaberto no cinema—,mas condizem com o tema do filme e não soam forçados. 

Continue lendo. Continue escrevendo. 

Não se esqueça de se inscrever no blog! É só clicar no link do canto superior direito!

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas