Retrospectiva 2020

Pois é, pessoal: mais um ano se passando. Ano difícil; mas, que tornou possível tirar proveito de algumas coisas. Por exemplo, as pessoas puderam escrever mais, devido ao isolamento. Revistas que publicam contos tiveram um aumento considerável de textos recebidos. Imagino que editoras também tiveram. E comigo não foi diferente: escrevi bastante. O problema é que publiquei pouco (mas não foi por falta de tentativa).

Também foi um ano de muitas mudanças. E eu não falo só de isolamento social e máscaras. 2020 mudou muito o mundo entretenimento. Serviços de streaming lucram enquanto salas de cinema literalmente apodrecem. Estúdios adiam lançamentos e/ou mandam diretamente para o streaming. Livrarias fecham as portas. Foi também um ótimo ano para animes.

Mofo toma conta de sala de cinema na Malásia após dois meses de isolamento. Fonte: hypescience.com

Passei o iniciozinho do ano revisando o meu romance, A Vira-Lata. Quando o escrevi, eu ainda não tinha uma plena consciência da reescrita. Escrever é reescrever, e eu só estava escrevendo. Resultado: o texto saiu cheio de erros. Então retirei o livro da Amazon e revisei bastante. Achei muitos errinhos e melhorei algumas partes, além de ter estendido o final. No dia primeiro de outubro, enviei o manuscrito para a editora Companhia das Letras. Atualmente, aguardo resposta.

Fora os primeiros meses, esse foi um ano de escrever estórias curtas. Escrevi quatorze contos, uma noveleta e dez crônicas. Também comecei a escrever em inglês. O mercado de contos aqui no Brasil ainda é muito incipiente e, como eu sabia inglês, pensei, "por que não?". Isso não quer dizer que desisti daqui do Brasil. As crônicas e meu romance provam isso. Mas, se eu publicar lá fora primeiro, posso ganhar mais e publicar a tradução por aqui depois. O contrário, porém, não é possível: os mercados de fora querem ser os primeiros a publicar. Por aqui, a revista que paga mais no momento é A Taverna--R$ 100,00 por conto. E eles já me rejeitaram oito vezes. Lá fora, as taxas profissionais (ditadas por associações de escritores) são de, no mínimo, oito centavos de dólar por palavra. Agora, imagine vender os direitos de um conto de 3000 palavras para um mercado que paga 10 centavos: são 300 doletas. E você ainda pode vender para qualquer outra língua depois que o período de exclusividade passar.

Tenho tentado publicar lá fora desde abril, mas, como disse no início, ainda não consegui. Só recebi rejeições. No momento em que escrevo, fui rejeitado 193 vezes em pouco mais de oito meses. A taxa de aceitação lá é muito baixa mesmo (menos de 1%), e a rejeição é a regra. Já estou com os contos engatilhados para serem enviados no dia 1° de janeiro, que é quando as revistas vão reabrir.

Participei de nove diferentes concursos literários, sendo que enviei dois contos em dois deles. Perdi todos. Não me incomodo (tanto) de não ser escolhido como finalista para um concurso; o problema é que alguns pagam para enviar. Tem um concurso britânico, por exemplo, que homenageia H. G. Wells, que cobra vinte libras como taxa de participação. E eu enviei dois textos, ou seja, paguei cerca de R$ 250,00 para nem sequer ter meu nome em alguma lista. Também enviei uma crônica para o concurso municipal de Santa Maria - RS (publicado aqui). Não sei por que raios, eles querem que você envie três cópias, por correio, dentro de dois envelopes. Paguei mais de R$ 100,00 só de frete em plena pandemia. Vai entender.

Esse também foi o ano em que eu comecei esse blog. E tem sido altamente satisfatório. Escrevo sobre o que gosto, aumento minha presença online e treino a escrita. Um pouco depois de ter criado o blog, me perguntei quantos posts já tinha. Quando me dei conta, já tinha postado vinte vezes!

Entrei para um grupo de crítica literária chamado critters.org. É um site fechado em que os participantes podem criticar os textos de horror, ficção científica e fantasia dos outros, desde que mantenham uma taxa de participação. É gratuito. Recentemente, venci o prêmio de maior número de críticas em uma única semana.

Também escrevi meu TCC. Ficou com 45 páginas e será na área de Direito Empresarial. Vou me formar em breve!

Esse foi um ano em que li muitos manuais de escrita e assisti muitos cursos--alguns deles, eu avaliei nesse blog. Eu recomendaria estudar com cautela. A maioria dos cursos e manuais é perda de tempo se você consome muita coisa--livros, quadrinhos, filmes etc--com atenção. Li pelo menos cinco livros grandes de escrita de prosa ou roteiro, fora os diversos cursos online.

Tentei o +Livros, um projeto para apoiar autores independentes. Não me concederam o auxílio, mesmo com a escrita sendo a minha única fonte de renda e eu estar pagando um aluguel de R$ 1.500 em um apartamento desocupado por causa da pandemia.

Olhando de longe, diria que foi um ano de muitas fracassos. Porém, também foi um ano de muitas conquistas. Terminar de escrever uma obra é, por si só, uma conquista. Enviar uma obra para ser avaliada, torná-la pública, mesmo que para um público reduzido, é uma conquista. Eu já estou dando a cara a tapa. Os cinco minutos que um editor demora para ler as primeiras páginas do meu texto, não gostar e enviar de volta não apagam esse fato. Vou continuar tentando.

2021 pode vir com tudo.

Comentários

Postagens mais visitadas