Meus animes favoritos de 2020

Covid-19, vespas assassinas, nuvem de gafanhotos, superfungo, Joe Biden. 2020 foi um ano difícil, cheio de notícias ruins; mas foi um ótimo ano para animes. Está sendo tão bom que eu estou escrevendo uma lista de animes que mais gosteie não dos que eu odieie, como sabem, isso é uma raridade nesse blog. Também devo bater palmas para as músicas de abertura. Como todo mundo sabe, a opening (e a ending também, vai) é um dos pontos altos de um anime. E esse ano entregou várias aberturas sensacionais.

Eu, claro, não só assisti animes desse ano. Vi animes como Great Teach Onizuka e Assassination Classroom, além de reassistir Attack on Titan e FMA e ver filmes como Hello World. Mas, só vou falar aqui de animes que eu vi e que estrearam esse ano, em uma das quatro temporadas de 2020. Vamos lá.


Dorohedoro (seinen, estúdio: MAPPA)

Uma das grandes surpresas de 2020. Violento, cheio de insanidades e de humor negro, esse anime de nome estranho (e que eu ainda não descobri o sentido) é um prato cheio para fãs de obras como Gantz ou Berserk.

Em um cenário com duas dimensõeso mundo dos humanos e o mundo dos feiticeiros—um humano que teve a cabeça transformada em uma cabeça de réptil procura o desgraçado que fez isso com ele. E como ele faz isso? Mordendo a cabeça de feiticeiros para que o feiticeiro que reside dentro dele diga se o cara que ele está mordendo é quem o transformou em um jacaré. Claro.

Tem um dos melhores inícios de estórias dos últimos tempos: já começa com ele mordendo a cabeça de um cara. O ponto fraco é que é em 3D (maldito estúdio MAPPA!), mas dá para assistir.


Rent-a-girlfriend (shonen, comédia romântica, harém, estúdio: TMS Entertainment)

O mangá em que esse anime é derivado é o favorito de muita gente. E com razão. Olha, eu não sou fã de comédia romântica, mas dei uma chance a esse daqui e não me arrependo. Na verdade, comecei a buscar outras rom-coms depois de assistir Kanojo, Okarishimasu, como é conhecido no Japão. 

A estória fala do fenômeno das namoradas de aluguel, comuns no Japão e em outros países asiáticos. Isso mesmo: você paga para ter uma namorada por um tempo determinado. Funciona meio como que um Uber: você baixa um aplicativo, escolhe uma garota que te agrade e que você possa pagar. Pronto, ela será sua namorada por um dia. Ah, não pode beijar e nem levar para casa!

Como assim? Você pergunta. Bem, nesses países da Ásia Oriental, o pessoal é bem tímido e MUITA gente é solteira. Por isso, muita gente é solitária. Essas namoradas são mais para conversar e se exibir andando na rua mesmo. Também existe serviço de contratar uma mãe, uma irmã, ou até mesmo uma família inteira.

Na estória, Kazuya Kinoshita é um loser que se apaixona por uma dessas namoradas de aluguel. Ele havia acabado de levar um fora da própria namorada (não sei como ele conseguiu ficar com ela, para início de conversa). E essa ex-namorada é um demônio (metaforicamente. Em se tratando de anime, isso tem que ser explicado) que passa a persegui-lo. O protagonista havia dito a avó doente que ele e a menina realmente namoravam, então ele passa a contratá-la mais vezes para manter as aparências. Ele também conhece outra menina que é muito tímida e quer que ele pague os serviços dela para ela treinar, e outra garota do ramo quer namorar ele de verdade. Esse anime é uma máquina de waifus.

A comédia funciona. Eu dei uma boas risadas. Há várias piadas de teor sexual, mas nada explícito.

Ah, e eu gostei muito da música de abertura também.



Gleipnir (seinen, ação, comédia romântica, estúdio: Pine Jam)

Mais um anime estranho e inusitado. Um estudante de colegial, daqueles que usam óculos fundo de garrafa e sofrem bullying, tem o poder de se transformar em um cachorro de pelúcia gigante e cartunesco. Um dia, ele salva uma menina de um incêndio. Juntos, eles partem para achar a irmã da garota, que pode ter sido a responsável por causar o incêndio, que acabou por matar os pais. Eles descobrem outros monstros e tem que lutar contra eles, mas o menino é um bosta e não sabe lutar direito. Então, a menina abre o zíper atrás do cachorro e entra nele, passando a controlá-lo.

É bastante divertido e cheio de mistério. Tem um pouco de ecchi (safadeza) também. O fato dela entrar dentro dele é uma brincadeira que eu vou deixar no ar...

Os 13 episódios explicam pouca coisa. Um anime de dois cours teria sido melhor. Mas, o décimo terceiro episódio termina com um plot twist de arrepiar, muito bem feito.



Toilet-Bound Hanako-kun (shonen, comédia, sobrenatural) 

Trata-se de uma reimaginação da lenda urbana japonesa da Hanako-san. As versões variam, mas a Hanako é uma menina que morreu em um banheiro da escola, e agora seu fantasma mata pessoas. É como se fosse a loira do banheiro nipônica. Aqui, ela foi reimaginada como Hanako-kun. Kun é honorífico dado geralmente a meninos, enquanto que san é o equivalente a "senhor" ou "senhora".


A estória se passa em uma escola famosa por relatos sobrenaturais. A protagonista vai para o banheiro e tenta sumonar a Hanako-san, mas decobre que ela é na verdade um menino, e a protagonista acaba sendo forçada a ser assistente dele, tendo que enfrentar as outras assombrações do colégio.

É o anime mais infantil da lista. Não tem nenhuma malícia ou sangue aqui. Hanako-kun é bem bestinha e não mata ninguém. A razão de eu ter gostado desse anime é a sua direção bem diferentona. Sempre que há um corte, bem, não é exatamente um corte: eles usam tipo umas cartas que aparecem na tela com a próxima cena. É mais ou menos isso. É difícil de explicar... A palheta de cores também não é convencional.


Wave, Listen to me! 

Pouca gente deu bola para esse anime—não o vi em nenhuma lista por aí—, mas eu amei. É baseado no mangá do mesmo criador de Blade: Lâmina do Imortal, e o traço é o mesmo. 

Gosto de ler/assistir obras do mesmo autor. Esse ano eu vi Arslan Senki, que é desenhado pela autora de Full Metal Alchemist. Os personagens parecem que são os mesmos de FMA, só que com outra roupa e outra personalidade.

Wave, Listen to me! conta a história de uma garçonete que acaba virando locutora de rádio por engano. Ela participa de um programa que entrevista pessoas bêbadas. No dia seguinte, achando que foi tudo um sonho, escuta a gravação e vai na rádio reclamar. Só que eles gostam tanto que a contratam para fazer um programa às 3:00 das manhã. Ela tem que conciliar isso tudo com sua vida. É uma "comédia de local de trabalho", tipo The Office.

Apesar de não parecer assim, à primeira vista, funciona bem. O primeiro episódio é um baque absurdo. É tão bom que é melhor do que o meio e o clímax final. Mas fico no aguardo de mais uma temporada.

É incrível como anime consegue tocar em qualquer tema imaginável (e inimaginável para um não-japonês) e fazer com que fique bom. A música de abertura mostra como eles colocam ação em algo banal como o rádio.



Kaguya-sama: Love Is War Temporada 2 (seinen, comédia romântica)

Lembra que eu falei que Kanojo, Okarishimasu me fez procurar mais rom-coms? Então, Kaguya-sama foi resultado disso. E valeu muito a pena.


Fonte: deviantart

O cenário é uma escola para ricaços. Kaguya, a vice-presidente do conselho estudantil, é apaixonada por Miyuki, o presidente do conselho estudantil. Miyuki, por sua vez, é apaixonado por Kaguya. Mas nenhum dos dois quer confessar o amor pelo outro, pois fazê-lo seria um sinal de fraqueza. Começa então a guerra para fazer o outro confessar primeiro.

O mangá vende bem, é premiadíssimo e tem uma adaptação para live-action que eu não assisti, mas parece decente. (Abro parênteses para um outro mangá, Spy x family, que é ótimo e parece ser um spin-off de Kaguya-sama. Vale a pena.)

Trata-se de uma comédia romântica dividida por sketches, bem ao estilo de Asobi Asobase ou Danshi Kōkōsei no NichijōCada episódio, que tem vinte minutos, é dividido em dois ou três sketches, ou mini-episódios, contando uma situação engraçada. Os personagens secundários também são engraçados e têm seu espaço.

Não estranhe o fato de ser uma obra seinen (destinada ao público jovem adulto masculino). Seinen não é necessariamente violento ou com temas sexuaistemas tipicamente adultos, mas é feito para ajudar os adultos japoneses em suas vidas reais, buscar seus sonhos etc.

Seu fosse apontar um problema, diria que a segunda temporada é um pouco mais do mesmo; mas não se mexe em time que está ganhando.


Uzaki-chan wa asobitai! (shonen, comédia, slice of life)

O anime mais bobinho e simples da lista. Em tradução livre, o título do anime seria "A Uzakizinha quer brincar!". Uzaki é uma moça que descobre que um ex-colega de escola estuda na mesma faculdade que ela. Como ela não conhece mais ninguém, não para de encher o saco dele. E é isso. É só isso. 

Não é nada além de uma situação engraçada após a outra. E funciona. Eu dei boas risadas. E eu demorei a saber da polêmica em torno desse anime. Assisti tranquilamente uns cinco episódios antes de ver um vídeo no Youtube que falava da polêmica.

Acontece que um grupo de idiotas de Twitter, que não fazem mais nada da vida, começaram a protestar contra a Uzaki, dizendo que ela tinha proporções impossíveis de se ter na vida real. Bom, primeiro que isso é um desenho, então as proporções não precisam ser reais. Segundo, é possível ser que nem ela sim. Kaho Shibuya, uma ex-atriz pornô japonesa, que tem 1,45m e peitos mastodônticos, ao saber da polêmica, fez cosplay de Uzaki e declarou: "Criticar a Uzaki é desrespeitar mulheres como eu." 

E o anime ganhou segunda temporada (parece que sempre que um animê gera polêmica no twitter, ganha continuação). Tomem essa. E viva os japoneses!


Fonte: anime motivation.  


Interspecies Reviewers (seinen, comédia, ecchi)

Agora, esse... esse, meus amigos, é uma pérola. Eu deixei o melhor para o final. 

Provavelmente o segundo anime mais comentado do ano, atrás apenas da última temporada de Attack on Titan. Não sei, não sou pesquisador de popularidade de anime. Mas esse, com certeza, deu o que falar. 

Trata-se de uma adaptação de mangá que se passa em um mundo de fantasia habitado com inúmeras espécies, parecido com O Senhor dos Anéis. Além de humanos, temos elfos, anões, fadas e todo tipo imaginável de monstro. E qual o resultado disso? Bordéis com fêmeas de diferentes espécies! Claro!

A estória gira em torno de três amigos que vivem de ir a esses bordéis e vender suas avaliações para uma taverna. Eles literalmente dão nota para o "serviço" no final de cada episódio. 

É simplesmente hilário. A comédia funciona muito bem. E o worldbuilding também é muito bom. Como diz o autor Brandon Sanderson, é melhor ir a fundo no seu sistema de magia do que ter vários sistemas de magia. É justamente isso que Interspecies Reviewers faz: eles exploram a fundo, ao invés de aumentar para os lados (essa analogia ficou uma bosta!).



Nem preciso dizer que foi polêmico. Tanto a Funimation quanto a Amazon Prime Video retiraram esse anime de seus serviços de streaming após o quarto episódio, que tem uma cena bem picante—inclusive para os seus padrões.

Mas, há uma história bem engraçada em torno desse anime. Um youtuber chamado Nux Taku mandou seus seguidores darem nota 10 para ele ao mesmo tempo. Resultado: Interspecies Reviewers saltou para primeiro lugar, ultrapassando FMA: Brotherhood. Claro, os idiotas todos choraram no Twittter e foram dar zero para o anime, fazendo-o cair novamente. Mas foi histórico. Interspecies Reviewers já foi o melhor anime de todos os tempos. Isso é inegável.

Para mim, é o melhor anime de 2020.




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